sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Caspaleria - Parte Final (?)

- perdendo o foco.

A saga das caspas pode ser mais surpreendente do que a dos Berdinazzi, dos curdos ou até da própria humanidade.















Este é Casper o primeiro fantasma de uma caspa. Sua fama de bondoso e camarada se deve ao fato das primeiras caspas terem sido seres amabilíssimos e caridosos, como a família Kasppa.




















Eis o único registro d'os Kasppa. Família austríaca de origem nobre que, por morarem sob um cemitério indígena, contrairam e desenvolveram os primeiros sintomas da caspa e da seborréia.

Vladimmir Kasppa era um cientista e desenvolveu pequenos flocos brancos para serem aplicados como pó-de-arroz permanente, maquiagem da moda na época. O experimento deu errado, os Kasppa foram considerados hereges e condenados a fogueira.

O fantasma Casper é do pequeno Mikholay Kasppa, filho mais novo e mais puro da família.













Com a vinda da revolução industrial, as primeiras marcas foram surgindo para entupir a mente da população com o que pode ser chamado de publicidade.

Esta foto é uma das primeiras gravuras da marca Michellin. Nota-se um plágio barato com o fantasma Casper na tentativa de usurpar seus dotes companheiristicos e de salvador da pátria.

Reza a lenda que muitos experimentos de Vladimmir Kasppa foram deturpados para se produzir a borraça do pneu moderno.















Era uma questão de tempo para Hollywood aponderar-se do mito das caspas e dos fantasmas dos Kasppa. O filme Gosthbusters foi um sucesso arrebatador na década de 80 e institui de vez a caspa como lenda urbana e Casper como o fantasma camarada.


---> foto do autor segundos antes de perder o foco.)

Associações livres entre critícos e teólogos dão fundamento para uma teoria que realciona os interesses da marca Michellin e a produção desses filmes.





















Este senhor é Jerry O. Tomas, um dos teóricos sobre a caspa moderna e seu infiltramento na população.

Jerry é responsável pelos best sellers: Caspa e Freud - quem explica?, Mozart e Kasppa, O Código Kasppa, Kasppa e Casper e A Menina que Roubava Caspa.




















Segundo Jerry O. Tomas, as semelhanças entre o cristianismo e a caspa são inúmeras, podendo até ter sido Jesus o primeiro hospedeiro da caspa, mesmo esta sendo descuberta mais de 1700 anos após a sua morte.

O sr. Tomas acha que a caspa de Jesus ficou alojada no Santo Sudário, que foi encontrado pelos austríacos contemporâneos aos Kasppa.















Esse é a representação mais exata de uma caspa. Ela não é totalmente branca, é até fofinha.
A herança dos traços de caráte de Casper é quase nítida, reforçando ainda mais a teoria.













Uma pokebola também pode representar uma caspa.

Segundo Casagrande e outros 9.735 jogadores de futebol, é uma caixinha de surpresas. Uma pokebola pode carregar mais de oitenta tipos de caspa e outros micro-monstros.





















Atentem para os brilhantes de Mr. T., todos feitos de caspa no seu estado congelado.

O boxeador-ator-gigolo(r) era conhecido por se alimentar de caspas e fazer pratos com essa praga.


















"Caspas verdes sobre o cúmulo da caspa", ou torta de limão. Essa iguaria da confeitaria moderna foi criada por Mr. T.

O mundo passou a esquecer das borutices dos Kasppa, do dr. Jerry O. Tomas, do Pokemon e do Mr. T. e a caspa passou a ser encarada como um mal cotidiano, como a febre ou as vitórias da seleção da Argentina.




















Assim a tão maldita publicidade usou-se de Casagrande (o ator) para ser o portavoz no combate à caspa.

Ele é o garoto propaganda de uma marca de shampoos que combate a caspa.

Sim, ele não é apenas um rostinho bonito.




Caspaleria - parte V

A caspa, seus usos e curiosidades:

Alguns tipos de caspa, como a das formigas gigantes do Congo, também são alimento.


Recentemente a caspa humana, também chamada de seborréia, foi utilizada na confecção de balas de goma. O resultado foi um aumento de 300% nas vendas.


Outra descoberta recente é a utilização dos microorganismos que moram dentro da caspa no combate contra o câncer, aids, dengue hemorrágica e hepatite D.



Essa é uma ação muito inteligente do dono de um Lupanário especializado em mulheres que possuem caspas, no nordeste da bélgica. O desenho todo foi feito com caspa das "lobas" que trabalham no local.



Esse é um dos caminhões do "Banco da Caspa" que recolhe caspas de todos os lugares do mundo e leva para o laboratório submarino 2021, onde vários estudos são feitos. As descobertas aqui citadas foram feitas no laboratório.



Você sabia que o único bicho de pelúcia que tem caspa é o Hobbes? Na verdade isso acontece pois ele não é 100% bicho de pelúcia.

Caspaleria - parte IV

A Caspa na sociedade contemporânea:


Célula de tratamento intensivo contra a caspa. Em desenvolvimento na Universidade de Massachussets.


Caspyto, desenho japonês onde o super-herói é uma caspa. Febre mundial.


Nokia NX906. O primeiro celular totalmente a prova de caspa.


Nos EUA, já existe uma lei que obriga as empresas a darem uma semana de folga para os funcionários com caspa.


Cena da peça “Jorge está com caspa”, em cartaz no Teatro Bibi Ferreira até o dia 30. Dirigida por Maciel Antunes e com Taís Araújo no elenco.


Ilha de Caspas. Um pequeno paraíso em Angra dos Reis, onde os famosos com caspa podem relaxar e serem fotografados por uma revista de fofocas.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Caspaleria - parte III

Mais informações úteis sobre a caspa:



No Paquistão comemora-se a Festa da Caspa no final de agosto, após o período das colheitas.


Samuel Hessler faturou milhões de dólares com seu livro “Como fazer da caspa um trampolim para uma carreira de sucesso”.


Usar batom azul faz as pessoas não perceberem que você tem caspa.



É nos momentos mais difíceis, como nos casos de caspa, que a família fica mais unida.


Entre ser obesa e ter caspa, Ursula optou por ser obesa.


Estudos revelam que andar 20 minutos de monociclo por dia, diminui em 70% o risco de morte por caspa.


Os primeiros casos de caspa foram diagnosticados na Austrália, em pessoas que mantinha relações sexuais com cangurus.


Esfihas de queijo são um ótimo remédio contra a caspa.

Caspaleria Parte II

Para tentar aliviar seu problema com caspa, garota recorre à ilegalidade e assalta os próprios pais. Foto tirando em 1954, documentando o primeiro caso de deliqüencia juvenil ligada a petilência seborréica.


Representação artística da Caspa em um demônio alado.


Caspacete.

Garoto tímido expluso, negligenciado e impedido de praticar esportes com os amiguinhos por sofrer discriminação. Caspa também é uma questão social.

Crianças que sofrem desse problema também podem comer morangos, vamos acabar com o preconceito!

Caspa - galeria

A caspa que encontramos no nosso dia-a-dia.

Caspa no ombro:








Caspa nas ruas:















Caspa no inverno:

















Caspa nasal:

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Caspa. (retomando o foco)

Conheci a caspa num jantar de família quando eu era bem pequeno. Estávamos eu, meu pai e minha mãe sentados à mesa, saboreando nossa comida, quando papai começou a reclamar da maldita. A maldita a que me refiro não é minha mãe, nem a comida, tampouco a mesa, mas sim ela, a Caspa.

O velho chacoalhou os cabelos e dezenas daqueles flocos brancos caíram. Eu, um infante dos trópicos, que jamais havia visto neve ou coisa parecida, fiquei maravilhado. Estusiasmado, perguntei aos meus progenitores quando é que eu iria ter um negócio legal daqueles no meu cabelo também. Meu pai riu de minha ingenuidade e soltou uma frase mais ou menos assim: “Que besta, ele quer ter caspa...”. E eu queria mesmo.

Meu segundo contato com a Caspa, deu-se mais tarde, lá pela 4ª ou 5ª série. Aquela época em que praticamente todas as conversas dos meninos consistem de gozações mútuas e piadas de duplo sentido. Havia um CDF na minha classe, que usava um topetinho no cabelo, que se assemelhava a uma onda do mar. Já não bastasse isso, o muleque resolveu ter caspa. Prato cheio para os demais ficarem zombando, falando que os piolhos surfavam no topete dele, usando as caspas como prancha.

Já no começo da adolescência tive meu terceiro e talvez mais marcante caso com a Caspa. Eu ia sair com o pessoalzinho da classe, incluindo várias menininhas. Íamos no shopping, jogar boliche, ver um filme no cinema, comer no fastfood e coisas do gênero. Me arrumei todo e para dar um toque especial, passei no banheiro do meu pai para usar um perfuminho do coroa. Mas acabei cometendo o erro de usar a escova dele para pentear meu cabelo, e ao invés do charme, acabei emprestando algo muito menos atraente, a Caspa. Sim, papai estava com o mesmo problema de novo e eu sem perceber deixei minha jovem cabeleira cheia de pontinhos brancos. Não preciso nem dizer que esse equívoco me custou caro.

Há uns 4 anos atrás, o grande dia chegou. Tive caspa. E pela primeira vez ela era originária de meu próprio coro cabeludo. Apesar de tudo, senti um certo orgulho de estar me tornando um homem igual meu pai. Mas passou rápido. Minha mãe comprou um xampuzinho especial e eu logo me livrei dos flocos brancos que deixavam minhas camisetas pretas estilizadas.

O tempo passou.

Hoje, quando deito na cama a noite, no silêncio do meu quarto, fico lembrando de tudo isso e imaginando quando será o meu novo encontro com ela. Será que um dia eu namorarei uma menina com caspa? Nunca vi de perto uma mulher com esse problema. Seria uma experiência interessante. Serei eu o cientista que vai descobrir que está nas caspas a cura para doenças como o Câncer e a AIDS, que tanto castigam a humanidade? Pouco provável. Será que as caspas são seres alienígenas, que ficam alojadas perto da cabeça das pessoas espertas, roubando o conhecimento e a inteligência da raça humana? Não sei.

Mas de uma coisa eu tenho certeza, minha história com a caspa está longe de um ponto final.

Um dia na feira

Alimentos, temperos, rodas, tampas de panela de pressão; nada como um dia na feira para comprar essas coisas tão essenciais a existência humana.

A feira livre é um convite a distração e ao caos urbano. Como é cosmopolita a feira da minha rua: a entrada é dividida entre uma colônia japonesa do pastel e um agregado de ex-trabalhadores bóias frias, que desistiram de cortar cana para vender o caldo da mesma. Nas primeiras barracas vendem-se artigos de manutenção e tunning de carrinhos de feiras – tão solícitos às velhinhas e às domésticas. Os responsáveis por essas barracas são, em grande parte, torneiros mecânicos que perderam o emprego nos anos 80 no ABC e não conseguiram galgar a presidência da república ou nem ao menos chegaram ao sindicato.

Continuando nosso world tour temos as barracas de queijos, estas controladas por uma máfia de descendentes de italianos com direito a sotaque forte da Calábria e muita banha no braço das suas senhoras mães e esposas. Os descontos só são concedidos para quem prove que também remete a pátria da pizza e do spaggeti. Depois, vem a barraca dos temperos e estas, por se tratar de um terreno ainda deverás nebuloso para o cidadão brasileiro, são ocupadas por mulheres viúvas, que coabitam entre gatos e corvos; sim, são bruxas. Só podem ser bruxas ou ex-hippies que, por seqüelas ou crença ferrenha no movimento, ainda não desapegaram-se das vestimentas mambembes e da fala quase semiótica.

Ainda temos as barracas dos tão amáveis peixes de feira. Um domínio oriental por excelência. Não me pergunte de onde vem o gelo e como ele se mantém por mais de 6 horas de feira com sol escaldante, nem como os peixes da feira são grandes e, seu estoque, infinito. Agora se o papel jornal é o melhor lugar para se conservar um peixe com mais de 2 metros de envergadura ou como dentro de cada exemplar marinho ainda encontra-se água (ou gelo) de modo à peça ficar mais pesada; a isso eu não tenho resposta.

Chegamos ao prato principal da feira livre: as frutas, os legumes, as verduras; as dúzias, as meia-dúzias, as pechinchas, ao leve-3-pague-2, ao deixa eu dar uma experimentada; por ai vai.

As cores e a gritaria parecem não ter fim. Para onde se olhe, as pessoas querem chamar sua atenção com gritos e gesticulações. Feirantes videntes parecem interpretar pensamentos e, ora já embrulham o produto, ora viram-se para outros fregueses, como se você, em menos de 1 segundo, você já dissesse Não, obrigado; mesmo que o que você tinha em mente era perguntar o preço do quilo, ou onde ficava o banheiro.

O profissional de feira, um tipo experiente, não perde tempo com clientes menores como eu ou você, eles querem as donas de casa com carrinhos volumosos ou velhinhas com bolsas de tamanho semelhante. Jovens, casais, office boys e pessoas em geral, só dão trabalho, pois insistem em pechinchar, em usar e abusar do sotaque paulista. O feirante, meus caros, não é bobo e tira todo mundo de letra, ele deve ter uma cota de vendas imaginária e por isso se não conseguir (ou perceber que não vai) vender nos 5 primeiros segundos de contato, passa a ignorar o mané que ulule na frente da sua barraca.

Outro fato que chama a atenção na organização desse micro espaço é a sua economia peculiar. Não estou falando do mercado de negócios entre empresas – B2B, nem mesmo do comércio formal de empresas com consumidores (seja por lojas próprias ou varejo), tampouco quero me referir ao comércio do mercado irregular, da pirataria.

O comerciante de feira tem uma política econômica que contempla a insana busca por descontos e, em muitos casos, a verborragia e a negociata funciona sim e se leva 4 pagando 2 – inda mais no fim de feira; não por acaso, o consumidor e o feirante, quando em sintonia, saem amigos só faltando um convite para jantar na casa do outro ou de tomar um chopinho numa hora dessas, devemos atentar para afinidades como torcer para o mesmo time da camiseta do feirante alvo, o que pode lhe render muitas vantagens econômicas e informações valiosíssimas, como Não vai na barraca do Anderson não, que tá tudo estragado. A economia do feirante é a de venda por escala, mas é quase impossível, ao gastar mais de R$10 numa barraca, não cair de amores e trocar algumas palavras entusiasmadas com o nosso tão retórico feirante.

O ponto da localização da feira é fundamental para o seu sucesso. Já vi feiras em viadutos, embaixo de pontes, em rotatórias gigantes, em praças, em estacionamentos. Mas verdade seja dita: a feira de rua é um sucesso. Digo a feira que toma de assalto as ruas alheias da nossa cidade. A feira que tomba caixas e caixotes às 4 da manhã. A feira que desperta sutilmente os moradores da rua tomada às 6 com gritos de Olha’o tomate! Olha’o tomate!

Sob um olhar de um biólogo, os feirantes se reúnem tão rapidamente, de forma tão uniforme, que perecem ser urubus atraídos pela carne de um hipopótamo em estado de putrefação ou como formigas se lançam a caça de um bolo de casamento que acidentalmente acabara de cair próximo ao formigueiro.

A questão é que por mais distante um do outro que os feirantes possam morar, eles se reúnem no mesmo local, na mesma hora e, após 10 minutos, dão fim aos seus caminhões. Na certa os escondem em estacionamentos secretos, em cumplicidade aos moradores que margeiam a feira. Como em filmes de ação, os feirantes sabem esconder caminhões, sujeira, armas, escravos bolivianos e cadáveres dos seus inimigos. Se você já viu o filme 60 Segundos, ainda não tem noção de quão dinâmica pode ser o processo de pilhagem e esconderijo de simples feirantes.

Arriscar-se numa feira livre é conhecer o último resquício babilônico na cidade ou um convite para refrescar-se ao tomar um caldo de cana com limão, com gostinho de abacaxi, que pode vir a ser tamarindo.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Casperito (tinha que vir algo assim)

Essa é uma história verdadeira.

Em 1988 nasceu Casperito.

Nasceu com caspa já, e de tanta caspa os cabelos eram brancos.

A mãe não conseguia entender, muito menos o médico.

Mas a conversa para explicar o fenomeno se deu mais ou menos assim:

"Senhora Mãe, não sei explicar direito. Mas seu menino já nasceu com caspa."

"Mas como isso doutor? Eu fiz tudo direitinho! Como foi que o Casperito nasceu com caspa?"

"Senhora Mãe, como se deu sua alimentação durante a gravidez?"

"Na base de muita farinha pura e côco ralado."

"Então está explicado. Farinha e côco ralado são as principais causas de caspa atualmente. Na verdade, farinha e côco ralado são a caspa."

"Mas, Doutor, e aquela história de seborréia e tudo mais que o pessoal falava? Era mentira?"

"Sim, Senhora Mãe. A verdade é que farinha é caspa do tipo A e côco ralado é caspa do tipo B. O pequeno Casperito tem os 2 tipos."

"Ok. Mas como posso curar isso?"

"Não Pode."

"Nem raspando a cabeça?"

"Não. Infelizmente ele está destinado a ter caspa pro resto de sua vida. Mas não se preocupe, isso não afetará em nada. Quem sabe ele possa ser o boneco de neve nas apresentações de natal? Ou o rapaz que tira a neve das ruas?"

"Mas, Senhor Doutor, nem nosso natal e nem nossas peças teatrais natalinas tem neve."

"Quem sabe ele pode virar padeiro?"

"É, quem sabe..."

E foi assim.


Casperito nasceu e logo encontrou no aspirador seu melhor amigo. Andava com o aparato o tempo inteiro, como as meninas andam com suas bolsas, Casperito andava com seu aspirador, e resolveu chamá-lo de Bob.

Bob era barulhento e, como diziam as professoras de Casperito, era muito bagunceiro. Não parava quieto um minuto se quer.

Os colegas de Casperito se acostumaram com o fato e as meninas achavam um charme o tal do Bob. Este, por sua vez, não queria saber de conversar com ninguém senão Casperito. Eram muito íntimos, tanto que tomavam banho juntos, dormiam juntos, jogavam bola juntos e estudavam para as provas juntos.


O tempo foi passando e Casperito começou a sair. Começou a namorar, mas Bob era muito ciumento. Insistia em mexer com a roupa das meninas, que por sua vez ficavam irritadas e abandonavam Casperito. Mas o menino não ligava, pra ele só uma coisa era muito importante na sua vida: Seu neston com granola. Enquanto Bob não ligasse para isso, eles se dariam muito bem.

Mas chegou aquela hora que os 2 começaram a criar personalidades próprias e Bob começou a andar com um pessoal diferente. O Liquidificador passou a frequentar as tardes de Casperito e Bob com muito mais freqüência, e o aspirador começou a namorar com a Batedeira. Casperito não ligou até o ponto em que Bob, fora de controle, começou a voltar para casa cada vez mais tarde (e cada vez mais bêbado) e sair somente com os outros eletrodomésticos.

Casperito, se sentindo abandonado decidiu seguir o caminho dos confeitos. Começou com um simples pão caseiro, passando para doces de côco ralado, depois para salgados com côco ralado, empanadas, os mais diversos tipos de pães até que, por fim, montou sua própria padaria.

Era um sucesso. Ninguém sabia qual era a mágica, a Senhora Mãe não revelava o segredo, quando lhe perguntavam, e Casperito simplesmente sabia que tinha o Dom. Antes um incômodo, a caspa agora era amiga de Casperito e lhe garantia seu salário, seu porsche, sua cobertura com piscina, suas viagens à Europa, etc. Todas as coisas que alguém que tem o Dom tem.


Com 50 anos, Casperito apresentava seus próprio programa de culinária, tinha seu próprio fã clube, mas continuava sozinho e não sabia o porquê. Tinha apenas a Senhora Mãe ao seu lado e sentia muita falta de Bob. Este, por sua vez, estava num buraco cada vez mais profundo. Sem dinheiro, abandonado pela Batedeira e sem o direito de ver seus 7 filhos, ele estava dormindo agora na rua. Vivia de esmolas e, com o pouco que conseguia, comprava Rum escuro. Pelo menos manteve a classe.

É chegada a hora inevitável em que os 2 amigos se encontrariam de novo. Casperito em uma de suas voltas ao parque, que deixavam o caminho como se fosse um lindo dia de inverno do hemisfério norte, senta em um banco para pensar em sua vida e os rumos que tomou, quando sente mais um pedinte lhe imploranto moedas. É claro, era Bob. Maltrapilho como estava, com seu casaco furado, suas luvas rasgadas, era quase impossível de reconhecê-lo. Mas Casperito sabia que era ele. E foi uma longa conversa.

"Bob!"

"Cas..."

"Quanto tempo, velho amigo! Me parece que a vida não lhe trata muito bem. O que acontece?"

"Uma moedinha pra comprar comida, por favor?"

"Tome. Aqui tem 100 reais em moedas de 1 centavo."

"Obrigado, Cas.. Quer ir tomar uma breja? Eu pago a conta."

"Nossa! Mas é muito generoso! Você não muda mesmo.. É claro que aceito!"

E assim foram ao boteco mais próximo onde conversaram horas a fio e Casperito acabou pagando a conta.

Não podendo ver um velho melhor amigo naquela situação, o homem resolveu tomar conta do aspirador novamente.

Levou-o para casa, deu-lhe banho, comida, cama e roupa lavada. Recomeçaram a amizade, Bob recuperou o direito de ver seus filhos mas os negócios iam mal para Casperito. De uma hora pra outra seus confeitos, pães e massas perderam o brilho. Perdeu o programa na televisão, perdeu o fã clube e o Rei (Roberto) pegou de volta a rosa que tinha entregado ao homem casperiano.

Agora era Bob quem cuidava da casa, quem alimentava os 2 e quem pagava as contas. E estavam os 2 mais unidos que nunca.

Casperito, em sua depressão pós-cataclisma-da-vida, foi amparado por Bob, que por sua vez parou de fumar e reduziu em muito o que bebia. Passou a tomar uma taça de vinho tinto por dia, pois faz bem ao coração.

E assim os anos passaram, Bob se aposentou (agora com 110 anos, provavelmente) e ambos moravam em uma fazenda no interior, onde tinham uma vinícola e apreciavam a arte como ninguém. Mas é chegada a hora de dizer adeus, e Casperito, infelizmente, foi dessa pra melhor. Mudou-se para New Orleans. Mas morreu no meio do vôo.

Bob, inconformado, tomou toda sua adega em menos de 30 minutos e morreu caindo da rede na varanda da casa.

A Senhora Mãe, ainda viva e com uma saúde de ferro, resolveu fazer uma última homenagem aos dois e deitou-os no leito do antigo quarto de Casperito, no mesmo lugar em que ambos se conheceram, na mesma cama besuntada de farinha e côco ralado.

E, quem viu os dois naquela posição podia garantir que ambos estavam sorrindo, por estarem um ao lado do outro.

(Até pra escrever falta foco)

Aspa

Em busca do foco perdido resolvi tirar um C, de cafona, da caspa e deixá-la mais nua. Sensual. Aspa, o que é uma aspa?

Não vou consultar um dicionário nem checar a tabela periódica, aspa é aspa, e vice versa.

Usar a aspa em 99% dos casos é uma coisa tão brega, tão cafona, que ela bem que merece o C da caspa de volta, vocês não acham?

O leitor, treinado ou não, encara a aspa do mesmo jeito que lida com a caspa (alheia). Um tom zombeteiro no olhar, uma pausa no pensamento para pensar e procurar sentido na caspa ou na aspa.

Vejamos, se você vê seu melhor amigo cheio de caspa falando sobre a política do Equador, provavelmente você vai perder foco e, como se atraído por um imã, seu pensamento vai começar a elaborar teorias sobre como seu amigo contraiu caspa: uma namorada cheia de seborréia, genética, roupas do sebo? Ou seria coisa de Rafael Correa – presidente do Equador.

Viu! Perder o foco é tão prazeroso quanto perder dinheiro no bolso da bermuda e achá-lo 2 meses depois.

Voltando ao assunto, quando você lê algo entre aspas você perde um pouco do foco também. Tem que dar uma paradinha para sacar o humor sacal do infame autor que usou aspas porque, em 99% dos casos, ou estava com “preguiça de explicar o assunto” da piada ou simplesmente não sabia “nada” do que estava falando.

Pegaram? O blog ta com tudo, temos smurfs “gigantes”, maçãs e (C)aspas.

Outra coisa que pegaria muito bem seria um texto sobre o emprego mordaz dos parênteses que podem acabar com uma sentença (ou não).

Mas esses assuntos eu deixo para a próxima postagem.

Até logo “colegas”.

Caspa

Sim, vamos buscar o foco.


Caspa também é arte. Eu não sei nada sobre caspa, não gosto de caspa e acredito que seja um bocado nojento. Dermatite seborréica, segundo o Seu Wikipédico, é coisa de fungo. Tipo algo a ver com gorgonzola, champignon e casinha dos Smurfs.


Aliás, sabiam que os Smurfs tem o tamanho de TRÊS MAÇÃS EMPILHADAS? Isso é um ultraje a minha imaginação! Imagina o tamanho dos cogumelos pra caber um rebento desse calibre. Mas se forem maçãs da Turma da Mônica, até tudo bem.


Acho caspa um assunto bem banal. São pequenas quirelinhas de pele que cansaram de viver no abafo do couro cabeludo. Nada mais justo, não deveria servir de indignação, nojo qualquer julgamento de valor.


A pele só porque cobre o seu corpo não deve obedecer cegamente qualquer contade sua, seja ela estética, moral ou política.


Ame as caspas por sua iniciativa, e conteste o tamanho de seus Smurfs.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Caspa, eu?

Sim, vamos perder o foco.

Fui convocado para escrever sobre caspa. O que sei eu sobre caspa? Não tenho cabelo, melhor, tenho pouco cabelo. Pouco mesmo. Meu pai tem mais cabelo que eu. Isso dá medo.

Existem algumas coisas que provocam caspa, mas eu não sei quais são. Só sei que palavras como seborréia e camisetas pretas são repulsivas à todos aqueles que possuem esse mal.

A caspa não escolhe ricos ou pobres. Ela não escolhe sexo. A caspa só seleciona um tipo de gente, aquele tipo que tem cabelo. Mais cabelo que eu, preferencialmente.

Adoro pessoas que tem caspa simplesmente pelo fato de que é algo que não dá para disfarçar. Quer dizer, dá até para dar uma escondida. Pessoas que tem caspa normalmente ficam altamente sem graça quando os olhos das pessoas com quem estão falando caem nos seus ombros, e não nos seus olhos.

Amigos com caspa costumam girar ou tentam falar ao seu lado, não a sua frente. Tudo para que não vejamos os flocos de neve nos seus umbros.

Um dia no cinema a pessoa na minha frente tinha caspa. Em sua cabeça estava algo como a população chinesa em flocos brancos, o cara tinha muita caspa. Além do mais, não ligava para isso. Percebi porque nos finos traços de luz que moldavam a sombra dele era notável o número quase torrencial de caspas que fujia da sua cabeça a cada afago. Sim, o cara ficava mexendo no cabelo, mas não coçava a cabeça; ele ficava ajeitando o cabelo. Como se estivesse na frente do espelho e, enquanto isso, era um festival dos pontos brancos na camiseta preta, no estofado vinho-preto, no tapete vermelho. Era caspa para todo lado.

Me falaram (o briefing) que as mulheres tambem tem. Nunca vi.

Em suma, tudo para uma mulher é mais dificil. Digo, para sair demora-se mais para se arrumar; para fazer esportes de movimento as coisas ficam mais truculentas em função dos seios; usar salto é exclusivo para as fêmeas. Dentre tantas, imagino que a caspa deve ser mais nociva ao público feminino, pois normalmente uma mulher tem mais cabelo (e menos calvice) que um homem.

Para uma mulher o famoso Rápa Careca (melhor anti pulga de todos os tempos) não pode ser aplicado assim tão operacionalmente. Cabelo e mulheres são coisas que os homens nunca vão entender plenamente. Já elas conhecem essas duas coisas muito bem.

O cuidado com o cabelo para um mulher exige uns 2 shampoos, um condicionador importado, cremes e equipamentos elétricos. Algo inconsebivel para qualquer vaidade masculina.

Enfim, entre caspa e mulheres eu fico com propaganda. Quem não lembra do slogan: Caspa, eu? muito bom, procurem por ai, vale a pena.

Quando recebi esse encargo perguntei: Caspa, eu (to fora dessa)?